Giro do Vale

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sexta-feira, 19 de abril de 2024

Na carona do Motorhome, casal conta sobre relação histórica que tem com Bom Retiro do Sul

Viajar está entre as preferências do casal Alfredo e Helena. (Foto: Juliano Beppler / Giro do Vale)

Viajar está entre as preferências do casal Alfredo e Helena. (Foto: Juliano Beppler / Giro do Vale)

Nos últimos dias, Bom Retiro do Sul se tornou morada para um grupo de turistas que é apaixonado por viajar de Motorhome. O município está realizando o primeiro encontro do gênero, e o pátio do CTG Querência da Amizade serve de estacionamento para as casas motorizadas. No local encontramos um casal que mantém na lembrança, momentos vividos na cidade nos anos 60.

Alfredo Valmor da Silva (79) e Helena Inelda da Silva (80) esbanjam simpatia, e mostram a vitalidade de dois jovens. Prestes a completar 60 anos de casamento, eles constituíram família nesse período, e hoje tem quatro filhos e sete netos. Atualmente o casal tem residência fixada em Novo Hamburgo, mas passam grade parte de seu tempo na estrada conhecendo novos lugares e voltando a terras já conhecidas, como é o caso de Bom Retiro do Sul.

Eles receberam a reportagem do Giro do Vale em sua “casa móvel” e contaram detalhes dos dias vividos em Bom Retiro do Sul no passado.

Trabalho na construção da barragem

Alfredo foi um dos primeiros trabalhadores a serem contratados para a obra de construção da barragem no município. “Precisava de um emprego melhor na época, e me candidatei a uma vaga para trabalhar na construção da barragem. Fui contratado pela Brasília Obras Públicas, responsável pela obra. Eu desempenhava uma função mais burocrática, e também trabalhei na parte de almoxarifado”, revela.

Uma passagem, lembrada por ele durante a entrevista, dá conta de um desmoronamento de terra durante a construção do primeiro pilar da barragem. “Lembro que alguns trabalhadores acabaram sendo parcialmente soterrados pelo desmoronamento de terra, mas graças a Deus, nenhum perdeu a vida naquele episódio”.

Ele lembra que no início, os trabalhos foram desenvolvidos por três engenheiros franceses, e depois um engenheiro brasileiro deu sequência no acompanhamento desse imponente gigante que corta as águas do Rio Taquari, e que depois veio a se tornar ponto turístico referência da cidade.

Alfredo revela que já tinha uma certa intimidade com o Rio Taquari, afinal de contas, seu pai trabalhou durante anos na navegação. “Meu pai tinha uma grande marca roxa no peito, fruto do trabalho que desempenhava, empurrando barcos com o auxílio de um pedaço de madeira escorado ao corpo, para fazer com que os barcos pudessem seguir rio acima, no período antes da barragem”, lembra.

Ele permaneceu por dois anos trabalhando para a Brasília Obras Públicas. Depois solicitou emprego para o então prefeito bom-retirense Edgar Silvestre Drehmer, que conseguiu uma vaga de escrivão junto a Delegacia de Polícia Local. Ele permaneceu nesta função por algum tempo, mas depois foi cedido pelo município para trabalhar como fiscal do ICM em Mariante, Venâncio Aires. E nesta área acabou permanecendo, até sua aposentadoria na função de Técnico do Tesouro do Estado.

Alfredo ainda guarda consigo. fotos antigas que mostram o primeiro galpão do CTG Querência da Amizade e também a Rua Senador Pinheiro Machado e alguns prédios, em frente a Sociedade União Bom-retirense.

Tradicionalistas em frente ao primeiro galpão do CTG Querência da Amizade. (Foto: Reprodução / Arquivo Pessoal)

Tradicionalistas em frente ao primeiro galpão do CTG Querência da Amizade. (Foto: Reprodução / Arquivo Pessoal)

Foto retrata prédios antigos da Cidade Baixa, localizados em frente a Sociedade União. (Foto: Reprodução / Arquivo Pessoal)

Foto retrata prédios antigos da Cidade Baixa, localizados em frente a Sociedade União. (Foto: Reprodução / Arquivo Pessoal)

 

 

 

 

 

 

 

 

Amor à primeira vista

A história com sua companheira, teve um início relacionado com a paixão que ambos têm por viajar. Alfredo conta que um certo dia estava em Novo Hamburgo com um amigo, quando viu Helena passar na rua. “Falei pro meu amigo que iria atrás dela, e fui. Ela entrou em um ônibus, eu entrei também. Ela sentou no banco e eu sentei ao lado dela. Começamos a conversar, a nos conhecer, e estamos juntos até hoje”.

Helena revela que ambos buscam ter uma vida muito ativa, talvez aí esteja o segredo da longevidade do casal. Eles são apaixonados por viajar. “O máximo que ficamos em casa sem viajar é uns 20 dias. Do contrário estamos no Motorhome, ou então realizando outros passeios”. Há 40 anos eles também integram um Grupo da Terceira Idade do município de Estância Velha, que promove várias viagens para cidades diversas.

Rancho Móvel

Foto: Juliano Beppler / Giro do Vale

Foto: Juliano Beppler / Giro do Vale

Há alguns anos eles também já integram a Associação Gaúcha dos Proprietários de Veículos de Recreação, denominado Rancho Móvel. Todos os meses o grupo se encontra em cidades diferentes. “Pra ir um na casa do outro é mais difícil”, revela Helena. “Cada encontro é uma alegria em poder ver os amigos bem de saúde”, completa o marido.

Sobre o encontro em Bom Retiro do Sul, Alfredo revela que teve um sentido especial para ele. “Revivi aqui boa parte de minha vida. Conversei com pessoas que até conhecia, mas nunca havia conversado antes. Isso tudo dá uma mexida com a gente”.

O casal que irá voltar para casa no domingo, dia 18, levará na bagagem os momentos especiais do hoje, e a revitalização das lembranças dos bons tempos vividos em Bom Retiro do Sul há mais de 50 anos.

E assim eles seguirão contabilizando vivências, que possibilitaram conhecer mais de 200 cidades diferentes, e passar por países como Paraguai, Bolívia, Argentina e Uruguai, ao longo de quase 60 anos de união. E num futuro próximo, já projetam voltar ao Bom Retiro que remete a momentos alegres, de um passado ímpar em suas vidas.

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Comentários

  • Gilmar
    15 junho, 2017

    Como é de se ter orgulho de pessoas que lembram de nosso município com carinho, guardam lembranças daqui e vivem viajando e por certo falando de seu passado, seu início de vida profissional numa obra como a nossa imponente barragem que é conhecida por milhares de pessoas. Uma matéria muito interessante, um documentário pessoal de quem fez parte da construção do nosso gigante de concreto.

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