Giro do Vale

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quinta-feira, 28 de março de 2024

Em encontro com Mujica, Lula inicia caravana no Sul do país

Foto: Itamar Aguiar / AFP

O ex-presidente Lula iniciou nesta segunda-feira a sua caravana de cinco dias pelo Rio Grande do Sul, a quarta que realiza pelo país desde o ano passado. Lula visitará 19 municípios gaúchos até sexta-feira. Ao chegar em Bagé, o ex-presidente foi recebido por militantes e enfrentou protestos de manifestação contrária à sua presença na cidade.

De cima de um trio elétrico onde conseguia ver o protesto contra ele – que contou até com um boneco de Lula em uma cela –, o ex-presidente exaltou os investimentos feitos pelos governos petistas em educação e criticou a manifestação organizada pelo que chamou de “direita fascista”, que não conseguiu impedir que o ex-presidente chegasse até a Universidade Federal do Pampa.

“Sinceramente, não esperava que nossa passagem por Bagé fizesse com que a direita fascista reclamasse junto ao MP que eu não pudesse fazer ato na universidade”, disse. “Essas pessoas deveriam ter feito o protesto quando viemos criar a universidade.” A Unipampa foi criada durante o segundo mandato de Lula.

A manifestação teve apoio de entidades de produtores rurais e de comerciantes locais. Coube à ex-presidente Dilma Rousseff (PT), no mesmo caminhão em que Lula discursou, marcar a oposição ao protesto dos ruralistas. “Nós fomos o governo que mais deu recursos para os produtores rurais no país inteiro”, disse Dilma, afirmando que as gestões petistas também contribuíram com os pequenos agricultores e assentados por medidas de reforma agrária.

Encontro com Mujica

De Bagé, Lula seguiu para Santana do Livramento, onde encontrou, para uma conversa pública, o ex-presidente uruguaio e atual senador José Pepe Mujica. O encontro ocorreu na Praça Internacional, na Fronteira da Paz, área que abrange também a cidade uruguaia de Rivera. Ao lado de Lula, Mujica disse que a militância não terá o petista “eternamente”. A declaração foi feita por Mujica ao analisar, segundo o site UOL, a atuação política da esquerda. Ele defendeu que é necessário fortalecer os partidos e não depender de uma só liderança. “Mas digo ao PT e à força de esquerda: as mudanças não se podem respaldar em uma única figura. Porque, amanhã, não está a figura. E a luta continua”, disse Mujica.

“Sorte que vocês têm Lula. Mas não o terão eternamente, e a luta dura. Tem que gerar gerações de militantes e de lutadores sociais, e construir, coletivamente, ou aprender a perdoar-se quando cometem erro.” As declarações do ex-presidente uruguaio vêm em um momento em que Lula, condenado em segunda instância na Operação Lava Jato, pode ser preso e ficar inelegível.

Lula atuou como espécie de mestre de cerimônias do evento, que também contou com falas da ex-presidente Dilma Rousseff e do ex-mandatário do Equador Rafael Correa. O petista abordou brevemente a sua condenação e voltou a dizer que está sendo alvo de “mentiras” de seus acusadores. Lula criticou o presidente Michel Temer ao afirmar que “hoje o Brasil tem um golpista que está atendendo tudo o que o mercado financeiro exige”, e fez uma defesa das leis trabalhistas vigentes antes da reforma do atual governo. Dilma disse que o “monstro” da extrema-direita “saiu da caixa” no Brasil, e citou “o Bolsonaro, a intolerância, o ódio, o preconceito”.

 

Correio do Povo

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