Giro do Vale

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sexta-feira, 29 de março de 2024

Brasil dá largada à campanha eleitoral nesta quinta-feira

Foto: Divulgação

Do alvorecer desta quinta-feira, dia 16, até o fim da tarde de 7 de outubro, serão 45 dias da eleição mais desafiadora dos últimos tempos. Poucas vezes se viu uma disputa como a que começa agora, com 18,5 mil candidatos enfrentando a descrença de 147 milhões de eleitores numa campanha curta, de poucos recursos e com notícias falsas transbordando nas redes sociais.

No Estado, o tema central será a crise fiscal que frustra investimentos e resultou em 32 meses de salários atrasados para os servidores do Executivo.

No cenário nacional, o desacerto é ainda maior. Somado à lenta recuperação da economia após dois anos de recessão, o avanço da Lava-Jato revelou escândalos à mancheia, atingindo quase todo o espectro político do país. Alvo de três inquéritos, o presidente da República, Michel Temer, bate recordes de impopularidade e desistiu de tentar a reeleição.

Líder nas pesquisas de intenção de voto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está preso, condenado por corrupção e lavagem de dinheiro. Mesmo enquadrado na Lei da Ficha Limpa, reuniu milhares de simpatizantes em Brasília nesta quarta-feira, dia 15, durante o ato de registro de sua candidatura. Dividido entre o apoio a Lula e um antipetismo candente, boa parte do eleitorado questiona as principais instituições nacionais, do Congresso ao Supremo Tribunal Federal.

— Podemos ter um recorde de votos brancos e nulos. A abstenção também deve ser grande. O eleitor está muito descontente e não acredita mais em quase ninguém.

Há ainda nichos mais críticos, estratificados. Nesses grupos, é maior o número de pessoas que já se decidiram por Lula ou por algum de seus opostos, principalmente Jair Bolsonaro (PSL) – diagnostica a cientista política Maria do Socorro Braga, professora da Universidade Federal de São Carlos.

A despeito dessa dualidade entre Bolsonaro e o candidato petista, seja ele quem for, há pelo menos outros três nomes na centro-esquerda e na centro-direita se mostrando competitivos na busca por um lugar em um segundo turno: Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT). Para o coordenador do curso de Ciências Sociais da PUC-SP, Pedro Arruda, isso faz da eleição deste ano a mais imprevisível das últimas décadas.

— Não dá para excluir ninguém desse grupo. Até porque a campanha será atípica, sob novas regras, mais restritivas à renovação dos quadros políticos, e com forte influência das redes sociais — afirma Arruda.

Empenho no espaço virtual

Em duas semanas, começa a propaganda eleitoral no rádio e na TV. Apesar do alcance ainda massivo num país com as dimensões do Brasil, cada vez menos essa é a principal aposta dos candidatos. A ordem na campanha é viralizar conteúdos na internet, buscando engajamento. Segundo o pesquisador Fábio Malini, coordenador do Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura (Labic), a tendência na eleição de 2018 é os “lovers” gerarem uma ação mais forte do que os “haters”.

— Temos evidências de que a impulsão da imagem positiva deve ser bem maior do que as críticas. Claro que determinados candidatos vão agir de outra forma, mas, em geral, vamos ter conteúdos positivos, bem humorados e numa linguagem informal. Isso será fundamental para o candidato falar com o eleitor que não está convertido e com quem não acompanha muito política, mas está sempre conectado — diz Malini, professor da Universidade Federal do Espírito Santo.

A atual virulência das discussões entre simpatizantes de candidaturas rivais nas redes sociais e a disseminação de fake news, aponta, devem se acentuar somente na reta final da campanha. O pesquisador alerta que plataformas como Facebook, Twitter e WhatsApp estão tomando providências para frear a distribuição de notícias falsas e que a imprensa também criou mecanismos para checagem em tempo real de boatos e promessas de campanha.

— O jogo deve ficar mais pesado num ambiente de polarização, como na reta final, quando estiver em disputa uma vaga no segundo turno. Mas a vigilância hoje é muito maior — destaca Malini.

 

GauchaZH

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