Giro do Vale

Giro do Vale

terça-feira, 23 de abril de 2024

Gre-Nal com confusão e várias expulsões termina em empate na Arena

Foto: Ricardo Duarte / Divulgação

Há clássicos e clássicos, o Gre-Nal histórico da Libertadores foi um jogo cheio de alternativas, marcado pela sombra do coronavírus, mas também teve confusão e um final melancólico com oito jogadores de cada lado. No fim, o zero a zero ficou a cargo das traves, já que ambos os times viram oportunidades barradas por ela. O resultado também manteve Inter e Grêmio na liderança do grupo, com quatro pontos, à frente do lanterna Universidad Católica e do América de Cali, que agora tem três.

Este era, por si só, um Gre-Nal diferente, e era possível sentir isso na atmosfera ao ver a Arena com mais de 53 mil torcedores. Histórico, por ser o primeiro realizado em mais de 60 anos de Libertadores. Depois, pela circunstância atípica fora de campo. O coronavírus, que começou do outro lado do mundo, chegou à América do Sul e está adiando o futebol no continente.

Em um dos últimos jogos pela Libertadores antes da paralisação, quis o destino que o personagem não estivesse entre os 22 jogadores que iniciaram a partida, ou aqueles que, até aclamados ao entrar, pudessem fazer algo diferente. O Inter parou duas vezes no pé da trave esquerda de Vanderlei. O Grêmio, esbarrou no travessão com Lucas Silva e com Pepê.

Como a terceira rodada da competição está adiada. Pelo Campeonato Gaúcho, o Grêmio volta a campo no domingo, às 11h, para enfrentar o São Luiz, na Arena. Já o Inter tem jogo marcado contra o São José, no Passo D’Areia, domingo, às 19h.

Inter faz primeiro tempo melhor na Arena

Não houve surpresas de parte a parte no primeiro clássico Gre-Nal pela Libertadores. Tanto Renato Portaluppi quanto Eduardo Coudet foram coerentes e optaram pela manutenção de seus sistemas. Renato mandou a campo a equipe com três volantes, sem Kannemann, machucado. David Braz substituiu o argentino. No Inter, a manutenção de Rodinei e Thiago Galhardo, que já havia feito bom jogo contra a Universidad Católica. Saravia e D’Alessandro ficaram no banco.

O clima começou muito quente no clássico. Antes dos 10 minutos, duas confusões já haviam sido formadas, mostrando as credenciais do Gre-Nal para a Libertadores, tão acostumada a jogos tensos e nervosos. Primeiro, uma falta de Edenílson em Everton iniciou a confusão. Depois, foi a vez de Matheus Henrique e Bruno Fuchs se desentenderem.

A melhor chance do Grêmio saiu na bola parada. Aos 11 minutos, após cobrança de escanteio pelo lado direito de ataque, Diego Souza subiu mais alto que a zaga do Inter e cabeceou forte, para baixo, obrigando Marcelo Lomba a fazer uma grande defesa no chão, tirando lamentos da Arena lotada pela única vez nos 45 minutos iniciais. Melhor no jogo e com mais posse de bola em boa parte da etapa inicial, foi o time de Eduardo Coudet quem criou as melhores chances na partida. A primeira delas foi aos 32 minutos da primeira etapa. Guerrero recebeu de costas, girou sobre Geromel e achou Boschilia, que ganhou em velocidade e invadiu a área. O meia tentou encobrir Vanderlei, mas não teve sucesso.

A torcida do Grêmio sentiu o momento ruim de sua equipe. Até então mais calada, soltou a voz e tentou empurrar a equipe com cânticos de apoio. Ainda assim, o time de Renato Portaluppi sentia falta de um armador. Com três volantes, não havia um jogador para pensar o jogo e, assim, o meio campo pouco progredia com a bola. Everton, apagado, também não conseguiu contribuir pelo lado esquerdo.

A última boa chance do primeiro foi aos 43 do primeiro tempo. Em contra-ataque rápido após escanteio do Grêmio, Boschilia recebeu em profundidade o passe de Marcos Guilherme, que disparou pela esquerda após soltar a bola. Ele optou por carregar e, ao não fazer o passe, acabou desarmado pela defesa do Grêmio. Com atuação segura especialmente de David Braz, Tricolor levou um 0 a 0 ao intervalo.

Jean Pyerre entra e melhora o Grêmio

Para a etapa final, o Inter trocou. Também pelo cartão amarelo, Eduardo Coudet sacou o lateral Uendel e mandou a campo Moisés. Pelo lado do Grêmio, mesmo com a atuação ruim do setor de meio campo, Renato optou por voltar com o mesmo time que terminou a etapa inicial.

A mudança do Grêmio viria só aos 8 minutos, mas ao mesmo tempo seria responsável por grande euforia na Arena. Maicon caiu, sentindo, após jogada de ataque colorada. No mesmo momento, Renato olhou à sua direita no reservado e chamou Jean Pyerre. Ao arrancar da área destinada ao aquecimento, já tirando o colete, levou a torcida Tricolor ao delírio, com muitos aplausos.

Com fôlego novo em campo, o Grêmio encontrou seu escape, ainda que Jean Pyerre tenha tido dificuldade nos primeiros minutos. Ao pegar a bola, em mais de uma vez abriu os braços, pedindo movimentação aos companheiros, para que a equipe pudesse buscar alternativas de jogadas.

E se a Arena veio junto com o Grêmio na entrada de Jean Pyerre, o incentivo voltou a crescer aos 16 minutos, quando Renato chamou Pepê para entrar. O atacante de velocidade entrou no lugar de Alisson, que novamente ficou abaixo da expectativa. Sumido pelo lado direito, pouco produziu ofensivamente.

Apesar de melhorar no jogo, foi o Grêmio quem levou grande susto aos 23 minutos. Após tentativa de passe de Geromel no campo de defesa, o Inter pressionou e roubou a bola. Edenílson levou até a entrada da área, limpou para dentro e bateu forte de perna direita, em uma bola que tocou no pé da trave esquerda defendida por Vanderlei, quase colocando o Inter em vantagem.

A resposta do Grêmio veio com Pepê, que quase marcou um golaço na Arena. Ele recebeu e arrancou primeiro pela direita, levando a marcação. Trouxe a bola para o meio, passou diante da marcação e invadiu a área pelo lado esquerdo. Cara a cara com Lomba, ele bateu para defesa do goleiro do Inter. O Colorado voltaria a botar bola na trave com Boschilia. Ele tabelou com Guerrero e recebeu a bola livre, na frente de Vanderlei. O chute forte e rasteiro do meia parou na trave. 

Já nos minutos finais, o que era uma lateral boba para o Grêmio virou briga generalizada, com dois capítulos e quatro expulsões para cada lado. Dentro de campo, Caio Henrique, Luciano e Pepê levaram vermelho pelo Grêmio; Cuesta, Edenilson e Moisés pelo Inter. Entre os reservas, Praxedes e Paulo Miranda foram expulsos.

A bola voltou a rolar após 12 minutos e, aí, o Grêmio é que quase surpreendeu nos momentos derradeiros. Victor Ferraz fez grande jogada e rolou na entrada da área para Lucas Silva. O volante enfiou o pé com vontade e a bola ia entrar para um golaço. Marcelo Lomba desviou com a ponta dos dedos e o travessão fez a bola seguir em escanteio, mantendo o empate sem gols.

Libertadores 2020 – Grupo E

Grêmio 0
Vanderlei; Victor Ferraz, David Braz, Geromel e Caio Henrique; Maicon (Jean Pyerre), Matheus Henrique, Lucas Silva, Alisson (Pepê) e Everton; Diego Souza. Técnico: Renato Portaluppi

Inter 0
Marcelo Lomba; Rodinei, Cuesta, Fuchs e Uendel (Moisés); Musto, Boschilia, Edenílson e Marcos Guilherme; Thiago Galhardo (D’Alessandro) e Guerrero. Técnico: Eduardo Coudet

Cartões amarelos: David Braz e Lucas Silva (Grêmio); Marcos Guilherme, Musto e Uendel (Inter)

Cartões vermelhos: Caio Henrique, Luciano e Pepê; Edenilson; Moisés e Cuesta.
Local: Arena do Grêmio, em Porto Alegre (RS)
Arbitragem: Fernando Rapallini (ARG)

Correio do Povo

Compartilhe:

Ainda não há comentários

Os comentários estão fechados no momento.

Leia também