Indústria do RS tem a segunda maior queda do país
- porJuliano Beppler da Silva
- 14 de maio de 2020
- 4 anos
Durante a pandemia do novo coronavírus no País, a indústria gaúcha recuou 20,1% em março, a segundo maior queda no setor no Brasil, onde a média de redução foi de 9,1% no período. Pela primeira vez na série histórica da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) Regional – iniciada em 2012 – houve retração em todos os 15 locais pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apenas o Ceará (-21,8%) teve desempenho pior que o do Rio Grande do Sul.
O resultado reflete, principalmente, os efeitos do isolamento social imposto por estados e municípios a partir de meados do mês de março devido à Covid-19, que afetou o processo de produção em várias unidades no país. A última grande disseminação de resultados negativos havia sido em maio de 2018, por ocasião da greve dos caminhoneiros, com taxas negativas em 14 locais, ficando de fora apenas o Pará.
Com essa redução, o Estado elimina os ganhos registrados nos dois primeiros meses de 2020, acumulada em 6,9%. Outras unidades que apresentaram recuos mais intensos do que a média nacional foram o Pará (-12,8%), o Amazonas (-11,0%) e a Região Nordeste (-9,3%). As demais baixas se deram em Pernambuco (-7,2%), Espírito Santo (-6,2%), São Paulo (-5,4%), Bahia (-5,0%), Paraná (-4,9%), Mato Grosso (-4,1%), Goiás (-2,8%), Rio de Janeiro (-1,3%) e Minas Gerais (-1,2%).
Queda de 3,8% na comparação com 2019
Na comparação com março de 2019, a indústria nacional caiu 3,8% em março de 2020, com resultados negativos em 11 dos 15 locais pesquisados, mesmo com o efeito-calendário positivo, já que março de 2020 (22 dias) teve três dias úteis a mais do que março de 2019. Santa Catarina (-15,6%), Espírito Santo (-14,2%), Rio Grande do Sul (-13,7%) e Ceará (-10,5%) assinalaram os recuos mais intensos, pressionados, principalmente, pelas quedas observadas nos setores de confecção de artigos do vestuário e acessórios, metalurgia, máquinas e equipamentos, entre outros.
Amazonas (-5,7%), Minas Gerais (-4,2%) e São Paulo (-4,2%) também registraram perdas mais elevadas do que a média da indústria (-3,8%). E Pará (-2,4%), Mato Grosso (-2,2%), Goiás (-1,2%) e Região Nordeste (-1,0%) completaram o conjunto de locais com índices negativos nesse mês.
Por outro lado, Rio de Janeiro (9,4%) e Bahia (5,8%) apontaram os avanços mais intensos em março de 2020, impulsionados, em grande parte, pelo comportamento positivo vindo das atividades de indústrias extrativas, no primeiro local; e de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, no segundo. Paraná (1,6%) e Pernambuco (1,4%) mostraram as demais taxas positivas.
Mais de 30,9 demissões no setor calçadista
A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) aponta que, do final de março até o último dia 12 de maio, o setor perdeu 30,9 mil postos de trabalho, 11,5% da força de trabalho da atividade (270 mil postos diretos, em dezembro de 2019). Os estados mais afetados foram São Paulo, com a perda de 10 mil postos (32% do total de demissões); Rio Grande do Sul, com 7,82 mil demissões (25% do total); e Minas Gerais, com 5 mil postos perdidos (16% do total). O estados do Nordeste somam 5,46 mil demissões (18% do total).
O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, ressalta que não existe perspectiva de melhoras no quadro, especialmente enquanto o varejo físico não estiver em funcionamento. “Defendemos o retorno gradual, e com a segurança, do varejo brasileiro. Infelizmente, muitas fábricas estão sem novos pedidos, ou mesmo com cancelamentos, pois o lojista não está vendendo. Sem ter o que produzir, é impossível segurar a mão de obra”, lamenta o executivo, acrescentando que mais de 85% das vendas da indústria calçadista brasileira são realizadas no mercado interno.
Correio do Povo
Os comentários estão fechados no momento.
Leia também
Mais Lidas
Mais Recentes
Bombeiros localizam corpo carbonizado durante combate a incêndio em Taquari
- 27 de setembro de 2024
- 1 semana
Câmara aprova manutenção de aproximadamente 200 contratados, a maioria na Educação
- 27 de setembro de 2024
- 1 semana
Comentários
GILMAR
14 maio, 2020INFELIZMENTE A PANDEMIA VAI TER CICLOS NEGATIVOS DIVERSOS E COM O SLOGAN “SALVAR VIDAS”, VÃO OCORRER MUITAS MORTES EM DECORRÊNCIA DE MEDIDAS TOMADAS LINEARMENTE (incluindo onde a pandemia é mais leve) O QUE LEVARÁ A UM POSSÍVEL COLAPSO E DAÍ CABE A PERGUNTA. DEPOIS DAS MEDIDAS TIDAS COMO PRESERVACIONISTAS DA VIDA, “E AGORA, QUEM NOS SALVARÁ DOS REFLEXOS DA PANDEMIA E DAS CONSEQUENTES MEDIDAS RESTRITIVAS?”.