João Manoel Vargas Madrid (69) mostra os dois livros com poesias de sua autoria. (Foto: Juliano Beppler da Silva / Giro do Vale)

O dito popular diz que paixão é passageira, e partindo desse princípio podemos afirmar que o que existe entre João Manoel Vargas Madrid (69), e a poesia é amor. No próximo mês Tio Mano, como é mais conhecido, completa 70 anos de idade e em quase sua totalidade de vida teve esse apreço especial pela escrita, mais precisamente para com a poesia.

Ele conta que aos sete anos de idade, ainda em Caçapava do Sul, sua cidade natal, ele já rabiscava as primeiras rimas em seu caderninho. Ao longo dos anos foi se aperfeiçoando e virou inspiração e exemplo dentro da cultura para muita gente. Sempre gostou dos estudos e sonhava ser professor. Ele formou-se no colegial, que equivale-se ao Ensino Médio de hoje e chegou a fazer teste para ingressar no Ginásio, onde pretendia formar-se professor, mas não conseguiu ir adiante.

Ele ficou em sua terra natal até os 18 anos quando precisou servir ao Exército Brasileiro na cidade de São Gabriel. Após o serviço militar, Tio Mano começou a viajar pelo Estado sendo uma espécie de ativista cultural, como o próprio definiu.

O Quintana da Tinga

Após anos viajando, ele fixou residência em Porto Alegre. Nos últimos anos ele foi um militante da cultura e também líder comunitário desse bairro porto-alegrense. Na sua comunidade ele desenvolveu vários trabalhos nas áreas do teatro, canto coral, de contos e poesias nas escolas. Até mesmo em universidades ele pode compartilhar seu trabalho com os acadêmicos.

Tio Mano foi o autor do Hino do Bairro Restinga. Isso mesmo, enquanto muitas cidades ainda não possuem um hino, o bairro de Porto Alegre tem o seu. “Na época até criou-se uma certa polêmica sobre um bairro ter hino”, lembra ele.

Pelo seu trabalho comunitário enfatizando a cultura, e principalmente por suas poesias, Tio Mano foi apelidado de Quintana da Tinga, uma alusão a Mário Quintana. Ele exibe orgulhoso as várias matérias jornalísticas que foram feitas com ele ao longo dos anos, e não só isso, vários troféus e diplomas de premiação pela sua militância no meio cultural, em especial dentro de sua comunidade.

Seus livros

Madrid tem dois livros publicados. Vivendo e Aprendendo I, e Vivendo e Aprendendo II. Além disso, suas poesias estão em várias outras obras reunindo uma coletânea de poemas. Ao lado de sua velha máquina de escrever ele mostra orgulhoso os livros que contam com suas palavras traçadas ao longo da vida. Outro projeto do qual ele faz parte é o “Ecolivro”. São pequenos livros de poesias, confeccionados inteiramente com material reciclável.

Tio Mano quer levar projeto de Ecolivros às escolas bom-retirenses. (Foto: Juliano Beppler da Silva / Giro do Vale)

Projeções

Mesmo aos 70 anos ele ainda pretende fazer muito pela cultura. Tio Mano não sabe se permanecerá morando em Bom Retiro do Sul, mas garante que tem vontade de ajudar a implantar um projeto de Ecolivro junto as escolas do município. Para isso ele já teria feito contato com a Secretaria Municipal de Educação e Cultura em busca de parceria. “Temos contato com uma Organização Não Governamental (ONG) que auxilia neste tipo de projeto”, frisa.

Redação / Giro do Vale
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