Giro do Vale

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terça-feira, 14 de maio de 2024

Jovem que teve o corpo queimado em Lajeado se recupera

Foto: Bárbara Corrêa / Jornal O Informativo / Divulgação

Foto: Bárbara Corrêa / Jornal O Informativo / Divulgação

“O que aconteceu comigo foi um milagre, pretendo voltar a estudar e agora estou frequentando a igreja”, afirma Cristian Dênis da Silva Santos (16). O jovem teve 80% do corpo queimado em dezembro do ano passado, depois de um desentendimento com outros jovens ao sair de uma festa. De volta à Lajeado, ele se recupera em casa, depois de passar mais de 40 dias internado no Hospital Cristo Redentor em Porto Alegre. Para o adolescente, a nova fase é um milagre de Deus e agora faz novos planos para o futuro.

As cicatrizes em todo o corpo são as lembranças da noite do dia 20 de dezembro. Cristian, mais conhecido pelos amigos como Bocão, ainda procura entender o motivo que levou um grupo de conhecidos a atirarem gasolina no seu corpo e atearem fogo. O corpo queimou por volta de seis minutos. Para ele, o motivo da ação teria sido inveja, principalmente por manter muitos amigos e se dar bem com várias pessoas. “Eles inventaram que eu estava devendo algo pra eles, mas eu acho que isso tudo foi inveja. Eu não devia nada”, ressalta.

O jovem não lembra de sentir dor na hora do incidente, apesar das queimaduras de 2º e 3º graus. “Eu tirei a camisa e a bermuda, o fogo continuava queimando meu corpo, foi quando um cara estourou um extintor em mim e logo vi a polícia chegar. Não conseguia sentir dor na hora, cheguei bem no hospital”, afirma ele. Depois de ficar internado no Hospital Bruno Born, em Lajeado, ele foi encaminhado para Porto Alegre, onde realizou seis cirurgias para recuperação da pele. Cristian ficou em coma induzido durante um mês e passou pela recuperação de uma infecção pulmonar, consequência do gás inalado do extintor de incêndio e da gasolina. A responsável do jovem, a avó Noemi Silva dos Santos, vê sua volta para a casa como um milagre. “O estado dele não piorava e nem melhorava. Ele nem respirava direito, o corpo dele queimou por dentro. Os médicos não acreditavam que ele sobreviveria. Nós fomos para a igreja orar, era o que podíamos fazer”, afirma ela.

Mais seis meses

Sentado com a família na sala de casa, Cristian deve ficar em repouso por mais de seis meses. Após emagrecer mais de 20 quilos, o jovem mantém uma recuperação lenta com cuidados específicos. Devido ao processo de traqueostomia (abertura na traqueia para facilitar a respiração), ele evita passeios longos para não ter contato com bactérias, assim como exposição ao sol. Na próxima semana ele deve retornar a Porto Alegre para buscar a malha para queimaduras, que tem objetivo de contribuir na cicatrização.

Conforme o cirurgião plástico do Hospital Cristo Redentor, Luiz Carlos Loureiro Ortiz, a malha ajuda para que a recuperação ocorra de forma rápida e amena, deixando poucas cicatrizes. No caso de Cristian o enxerto de pele não precisou ser feito, mas novas cirurgias podem vir a acontecer mais tarde, dependendo da sua recuperação. “As dobras, como no pescoço, braços e joelhos podem passar por mudanças no decorrer dos anos, por isso o acompanhamento frequente do médico é importante neste caso de queimadura. Uma grande parte do corpo foi comprometida, o cuidado é a prioridade”, ressalta ele.

Em casa, o jovem busca na igreja um novo caminho para seguir. “A igreja me ajuda a esquecer o que aconteceu, não pensar mais nessas pessoas”, afirma ele. Cristian recebeu a visita de alguns amigos, que não o acompanharam na noite da festa, mas espera não encontrar mais as velhas companhias. “Esse tipo de amigo, eu não quero mais”, afirma ele. Após a recuperação ele espera retornar à escola e finalizar os estudos.

Cristian permanece com acompanhamento médico mensal, no Hospital Cristo Redentor em Porto Alegre, mas não corre maiores riscos.

Jornal O Informativo
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