Giro do Vale

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sábado, 27 de abril de 2024

Policial conta porquê, e como reagiu contra assaltantes da lotérica de Bom Retiro do Sul

Foto: Juliano Beppler da Silva / Giro do Vale

Foto: Juliano Beppler da Silva / Giro do Vale

Dois bandidos assaltando uma lotérica no Centro de Bom Retiro do Sul e um policial militar de folga cruzando o caminho dos criminosos. A ação chamou a atenção de quem estava na região central de Bom Retiro do Sul na segunda-feira, dia 28. Alguns consideraram loucura a reação do policial, outros consideraram como ato de bravura a sua ação diante da criminalidade. Fomos conversar com esse personagem da “cena de cinema” protagonizada no início da semana.

Rafael Henrique Schmidt (28), natural de Bom Retiro do Sul, mas lotado como brigadiano no município de Westfália, havia saído de um escritório de arquitetura, e acabara de chegar em uma imobiliária no Centro de Bom Retiro do Sul para tratar da negociação de imóveis. Enquanto conversava com a corretora de imóveis percebeu que dois homens saíam encapuzados da lotérica que ficava a poucos metros, do outro lado da rua. “Disse pra ela entrar na imobiliária porque poderia dar problema ali”, revela o policial.

Foto: Juliano Beppler da Silva / Giro do Vale

Ação movimentou o Centro de Bom Retiro do Sul na segunda-feira, dia 28. (Foto: Juliano Beppler da Silva / Giro do Vale)

Quando a dupla de criminosos estava entrando no veículo Fiesta estacionado em frente a lotérica Schmidt gritou para que parassem. “Até aquele momento eu não sabia se eles tinham uma faca ou armas de fogo”. Tão logo ele chamou a atenção, um dos bandidos realizou disparos em sua direção. Imediatamente o policial à paisana revidou com dois disparos. “Consegui analisar o raio de ação e vi que não colocaria a vida de ninguém em risco. Agi com técnica buscando neutralizar o atirador.”. Após os dois primeiros tiros Schmidt refugiou-se atrás de um poste e conseguiu desferir mais seis tiros, esses na direção da posição do motorista, que era o que atirava contra ele.

“Depois dessa sequência de tiros minha arma travou, em questão de quatro segundos destravei ela e voltei a conferir o raio de ação para não colocar ninguém em risco. Quando voltei o olhar para os criminosos eles já estavam correndo na direção oposta”. O policial detalha que não seguiu atirando contra a dupla porque ambos estavam de costas, e também pelo fato dos dois já estarem próximos a lojas, o que poderia colocar em risco a integridade de civis.

Foto: Arquivo Pessoal

Foto: Arquivo Pessoal

Somente nesse momento ele percebeu que havia sido atingido com um tiro na coxa esquerda. Ainda assim ele não sabia se os bandidos voltariam, ou não. Schmidt ficou posicionado para uma possível volta da dupla, o que não ocorreu, pois eles acabaram roubando um taxi a poucos metros dali e imprimiram fuga. Na sequência um amigo levou o policial até o hospital para receber atendimento médico.

Ele segue com o projétil alojado dentro de sua perna. A munição, que provavelmente é de um revólver calibre 38, está na coxa esquerda entre a artéria femoral e o fêmur.

O comando do 40º Batalhão da Brigada Militar de Estrela considerou normal a ação do militar. “Ele agiu como policial tentando evitar o roubo. Ele usou a arma de fogo somente após ser alvejado, e atirou porque na linha de tiro entre ele e os bandidos não havia ninguém”, explicou o capitão Jorge Luiz Engster.

Confira um trecho da entrevista concedida com exclusividade ao Giro do Vale:

GV – Você já havia passado por alguma situação extrema como essa em sua carreira policial?

Schmidt – Quando trabalhei no Presídio Estadual de Lajeado há cerca de sete anos, houve uma tentativa de fuga onde trocamos tiros com bandidos. Eles deram 64 disparos naquela oportunidade, e nós utilizávamos munição antimotim

GV – Você se considera uma pessoa calma para agir em uma situação como essa?

Schmidt – Sou acostumado a viver situações de adrenalina alta, e ajo com naturalidade. Luto MMA e isso me ajuda nesses momentos também. Agi de forma totalmente técnica e tranquila.

GV – Algumas pessoas consideraram arriscada sua reação. Você concorda com elas?

Schmidt – Sei que tem pessoas que pensam que agi errado, mas como falei, recebi treinamento para desempenhar minha função de policial militar. Se toda vez que houvesse uma ação criminosa, ocorresse uma reação policial, a bandidagem iria pensar melhor antes de agir, e teríamos uma diminuição nos crimes. Penso que não dá pra deixar os bandidos tomarem conta.

GV – Você faria algo diferente caso se deparasse com uma situação assim novamente?

Schmidt – Agiria da mesma forma. Não mudaria em nada. Se pegarmos exemplos das polícias pelo mundo veremos que nenhuma polícia se omite. Não iria me omitir, afinal o meu papel é servir e proteger a sociedade.

GV – Você também recebeu elogios de muitas pessoas pelo seu ato de bravura não é?

Schmidt – Recebi sim. Muitas pessoas me parabenizaram pelas redes sociais ou por telefone. Não que houvesse essa necessidade, pois apenas cumpri o meu dever e o juramento que fiz ao entrar na Brigada Militar.

GV – Você virou policial por acaso, ou já tinha essa vontade desde cedo?

Schmidt – No Exército peguei gosto pelo militarismo e seis meses após retornar do quartel já estava na Brigada Militar com 19 anos. Sou formado em Letras, mas entrei em sala de aula apenas durante meu estágio. Gosto de minha profissão.

GV – Quando você deve retornar a suas atividades policiais?

Schmidt – Se dependesse de mim, voltaria o quanto antes, mas tenho agora o período de um mês de atestado, e depois veremos como fica.

 

Redação / Giro do Vale
contato@girodovale.com.br

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Comentários

  • Nilton
    2 abril, 2016

    E de heróis assim que precisamos. Parabéns Rafael.

  • Élio konrath.
    2 abril, 2016

    Rafael parabéns tu
    Do de bom .valeu…

  • andres ladino
    4 abril, 2016

    Muito legal meu amigo

  • antonioeloi
    4 abril, 2016

    parabens rafael o brasil presisa de homens com bravuras

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