Giro do Vale

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sexta-feira, 17 de maio de 2024

Aliados de Temer querem agilizar prazos do impeachment temendo grampos

Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

A publicação dos áudios ex-presidente da Transpetro (subsidiária da Petrobras) Sérgio Machado e a notícia divulgada durante esta semana de que a sua delação premiada foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) desencadeou uma guerra sobre os prazos do processo de impeachment no Senado entre governistas e a oposição. Governistas se articulam para antecipar o trâmite e a oposição a Michel Temer tenta arrastar ainda mais a análise do afastamento de Dilma Rousseff.

A disputa decorre da informação de que Machado citou mais nomes em sua delação além dos divulgados até agora (Romero Jucá, José Sarney e Renan Calheiros, todos do PMDB). Temer não está implicado diretamente nos depoimentos de Machado, mas pilares importantes de sua base de sustentação política aparecem na delação premiada e nas conversas divulgadas pelo ex-executivo e poderão ser ainda piores em diálogos que ainda podem ser vazados.

A constatação aumentou o grau de apreensão nos bastidores dos poderes e fez crescer o temor de um novo período de recrudescimento da crise política, o que causaria instabilidade para a gestão do presidente interino e poderia atrapalhar sua estratégia de recuperação da economia, neste momento dependente da aprovação de medidas no Congresso.

Do lado da presidente afastada, a estratégia é apostar em ambiente político conturbado em busca de inviabilizar politicamente Temer. Aliados do presidente interino, no entanto, se movimentam para reduzir em pelo menos 20 dias o cronograma apresentado pelo relator do processo de impeachment Antonio Anastasia (PSDB-MG). Pelo seu cronograma, o processo contra Dilma se encerraria no início de agosto. A senadora governista Simone Tebet (PMDB) propôs, contudo, que o prazo para alegações finais da defesa e da acusação seja encurtado de 30 para 10 dias, o que anteciparia a votação em plenário.

PT diz que há clima para mudar votos

Para o PT, o vazamento de áudios envolvendo ministros e pessoas próximas ao presidente interino Michel Temer (PMDB) criará o clima necessário para reverter o processo de impeachment no Senado. A estratégia é retomar o discurso de novas eleições e convencer a presidente afastada Dilma Rousseff a se aliar à proposta, caso ela volte ao poder. Assim, petistas dizem que será mais fácil fazer com que alguns senadores que votaram pela abertura do processo mudem de voto na fase final.

Para que a presidente seja definitivamente afastada são necessários 54 votos. Na sessão de admissibilidade, 55 senadores votaram pela abertura do processo. O PT calcula entre dez e 13 senadores considerados “potenciais” para mudar de voto, porém espera reverter de fato quatro posicionamentos.

Os nomes favoritos dos petistas para reverter a votação são os senadores do Distrito Federal, Cristovam Buarque (PPS-DF), Antônio Reguffe (sem partido) e Hélio José (PMDB-DF). O entendimento é que as medidas de Temer com cortes no serviço público, concursos e reforma da Previdência enfraquecem e atingem o eleitorado brasileiro de classe média.

Tanto Cristovam quanto José afirmaram na primeira sessão que votavam apenas pela abertura do processo e que poderiam mudar de opinião. Reguffe foi mais crítico em seu discurso contra o governo Dilma, mas ele faz parte do grupo de senadores que defendem a PEC das novas eleições.

 

Correio do Povo

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