Giro do Vale

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sábado, 9 de novembro de 2024

Punição sem crime é a “maior das brutalidades” contra o ser humano, diz Dilma

Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil / Divulgação

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Depois de ser notificada da decisão do Senado, que na manhã desta quinta-feira aprovou a admissibilidade do processo de impeachment, a presidente afastada Dilma Rousseff fez um pronunciamento em Brasília, em que considerou a votação pelo seu impedimento uma das maiores brutalidades cometidas contra uma pessoa inocente.

“O meu governo tem sido vítima de sabotagem e, dessa forma, criaram meio propício para o golpe. Quando a presidente é cassada por um crime que não cometeu, o nome que se dá ao ato não é impeachment, é golpe. Não tenho contas no exterior, nunca recebi propinas. Esse processo é frágil, juridicamente inconsistente, e, desencadeado contra uma pessoa honesta, representa a maior das brutalidades contra ser humano”, disse Dilma Rousseff.

Dilma voltou a afirmar que é vítima de uma farsa porque nunca aceitou chantagem. “Posso ter cometido erros, mas não crimes. Estou sendo julgada por fazer tudo que a lei me permite. Os atos que fiz foram legais e corretos e esses mesmos atos foram executados por governos anteriores. Acusam-me de ter editado seis decretos de suplementação e dizem que é crime contra lei orçamentária. Em uma democracia, jamais o mandato presidencial deverá ser interrompido por atos de gestão orçamentária. O Brasil não pode ser o primeiro”, acrescentou.

Para a presidente afastada, o “golpe” não tem o objetivo de destituir o governo dela. “Querem na verdade impedir a execução de um programa eleito majoritariamente, querem levar embora as conquistas que o País alcançou. Tenho sido uma fiadora zelosa do estado democrático de direito. O maior risco é ser dirigido por um governo sem voto, que não ganhou o voto da população, que não terá legitimidade para propor soluções. É um governo que pode se ver tentado em reprimir todos que se posicionarem contra ele. É um governo que será a grande razão para continuidade da crise política”, declarou.

Mesmo impedida de exercer suas funções, Dilma prometeu lutar para retornar ao cargo durante os 180 dias do afastamento. “Tenho orgulho de ser a primeira mulher eleita presidente no Brasil. Exerci meu mandato de forma digna e honesta e, em nomes dos votos que recebi, vou lutar com todos os instrumentos legais para exercer meu mandato até o fim, até 31 de dezembro de 2018. O destino sempre me reservou muitos desafios, mas eu consegui vencê-los. Já sofri a dor da tortura, mas o que mais dói é estar sendo vítima de uma farsa jurídica”, completou.

Encontro com apoiadores

Após o discurso, Dilma foi em direção a manifestantes e apoiadores do governo que se aglomeraram em frente ao Palácio do Planalto e fez um novo discurso. Segundo Dilma, o país vive um momento trágico. Ele voltou a negar que tenha cometido crime de responsabilidade e classificou o processo de impeachment contra ela de “golpe”.

“A nossa democracia está sendo objeto de um golpe. Não cometi crime de responsabilidade. Estou sendo objeto de uma grande injustiça, vítima de uma grande injustiça”, afirmou Dilma, ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de ex-ministros de seu governo. “Aqueles que perderam as eleições tentam agora chegar ao poder pela força”, finalizou.

Notificação

Dilma foi notificada no Palácio do Planalto pelo primeiro-secretário da Mesa Diretora do Senado, senador Vicentinho Alves (PR-TO), do afastamento do cargo após a proclamação do resultado da votação da admissibilidade do processo de impeachment no Senado.

O Palácio do Planalto preparou uma cerimônia no gabinete presidencial, no terceiro andar do prédio, onde Dilma recebeu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ministros, autoridades e personalidades aliadas para assinar a notificação, entregue pelo primeiro-secretário da Mesa Diretora do Senado.

Após os atos de hoje, Dilma segue de carro até o Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República, a poucos quilômetros do Planalto, onde vai permanecer durante o tempo em que deve ficar afastada.

 

Correio do Povo

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